Acabo de ler a primeira edição da revista Old!Gamer, da editora Europa.
Aparentemente, há publico para isso também. Na verdade, me impressiona que haja tantos entusiastas da estética retrô dos primeiros consoles e de temas a eles ligados, mas este fato é confirmado pela grande quantidade de sites e blogs sobre o assunto. Até mesmo entre os grandes portais de jogos da atualidade é possível encontrar áreas destinadas aos retrogames e autores especialistas no assunto. E, por fim, propostas como a revista eletrônica Jogos80, do Garret (também colaborador da Old!) e o próprio RGB contam com freqüentes acessos (o que significa que alguém vai acabar lendo isso, um dia, eheheh!).
Voltando a revista, fiquei agradavelmente surpreso com a qualidade e o acabamento do material, sinal de que a empresa aposta no interesse de um publico mais exigente e que se disponha a pagar o valor da edição.
Parabenizo também a qualidade gráfica do trabalho, que soube explorar a estética dos oito bits e dar um certo ar de jovialidade, sem ficar muito datado. Creia: isto não e fácil de fazer. Admito que, por uma questão de gosto pessoal, sinto-me mais a vontade com a estética da britânica Retrogamer, mas acho que a editora foi feliz na programação visual do material.
Outra boa surpresa foi a quantidade e a variedade de matérias, que não privilegiaram um console especifico ou um segmento particular de jogo, console ou geração, transitando com versatilidade e bom humor por vários assuntos que certamente estão no imaginário coletivo dos saudosistas dos retrobits.
Falando em bom humor, me diverti tremendamente com os artigos “Donzelas em Perigo” e “Phatasmagoria”, ambos extremamente pertinentes a mídia digital (o ‘mito do heroi’ e as experimentações dos limites tecnológicos das diversas plataformas com lançamentos para lá de inusitado) e que souberam apresentar os assuntos de forma muito engraçada mas sem descaracterizar outros aspectos relevantes destas produções.
Ao que me consta, a revista sofreu um significativo atraso quanto à data de lançamento prevista (maio, se não me engano). Se isto trouxe indignação ao coração dos saudosistas ansiosos, teve um lado provavelmente muito bom: permitiu a equipe lapidar os artigos, que saíram praticamente sem erros gritantes de revisão (e há revistas de games por aí com erros medonhos, que se repetem mês a mês!) e muito inspirados, como a sessão “O que diziam por ai...E no que deu, afinal”, muito interessante e curiosa, e a matéria sobre os games do rei do pop, muito oportuna e respeitosa à memória do ícone moonwalker.
Outras passagens também me agradaram, como a matéria sobre o Atari do já citado Garret e a detalhada matéria sobre Street Fighter II, embora eu nem seja um grande fã desse estilo de jogo.
No geral, vejo pontos acertivos e muito relevantes no produto que, apesar do valor relativamente elevado em relação a outras publicações, vale seu custo.
No quesito das reclamações do leitor (acharam que iam escapar, hein?) cito poucas, mas pertinentes questões:
1) Tamanho da fonte – publicações gamísticas em geral tendem a reduzir drasticamente o campo destinado a textos para encher os olhos da garotada com as belas imagens dos games. Isto nem é necessariamente ruim, mas em se tratando de um revista em que significativa parcela de leitores já se encontra na meia idade é quase uma maldade planejada colocar aquelas fontes em corpo 6 com fundo cinza! Considerem este assunto com carinho, editores! Vocês ainda vão chegar nessa idade e vão ver o que e bom para a tosse (e para a artrite, e para o lumbago...)
2) Poster – Ok! Também sou fã do Mario, mas... alguém viu a bela arte estampada nas contra capas internas? Porque aquilo não virou um pôster em tamanho A2? Limitação de direitos autorais??? Não percam tempo, editores: façam um belo pôster com aquele trabalho e deixem seus retro leitores mais felizes, procurando o Chuck Norris de 8 bits naquele mercado de pixels!
3) Fundo translúcido – Seguindo a tônica do item 1, como podem colocar piadas tão engraçadas em um fundo tão sofrível??? Não gostam de velhinhos, é???
4) As Galerias Old – Deixa eu adivinhar: ninguém fechou a parte das propagandas e tiveram que encher lingüiça com qualquer coisa de última hora, não foi? Caso contrario, porque não gastaram este espaço falando do Commander Keen ou do Q-bert???
No mais, congratulações a toda a equipe pela primeira edição caprichada e que a Old!Gamer tenha vida longa, porque assunto certamente não vai faltar!
Aguardo desde já o próximo número. (E o poster!!!)
Um retroabraço!
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